COLUNA SOCIAL E POLITICA
Gabeira ganhou!
Saca só: Gabeira, candidato a prefeito, está com pinta de que se elegerá. Com quase 70 anos de idade, é o queridinho dos jovens. É também dos militares que o prenderam depois que ele ajudou a seqüestrar em 1969 o embaixador americano. O Gabeira que defende o respeito à lei atrai o voto dos donos de 16 mil vans irregulares. Coisas do Rio!
A trajetória política de Gabeira é marcada por um extraordinário paradoxo: ele ganha quando perde. Para ser mais preciso: só ganha quando perde.
Perdeu para a ditadura, apesar de tê-la golpeado algumas vezes. Exilou-se. Mas ao cabo venceu porque a ditadura desmoronou e ele pode voltar ao país com fama de herói. Soube aproveitá-la para dar início a uma carreira política convencional. Coleciona quatro mandatos de deputado.
Gabeira perdeu para Severino Cavalcanti, na época presidente da Câmara dos Deputados. Não foi a ameaça feita por Gabeira de derrubá-lo que forçou Severino a renunciar ao cargo e depois ao mandato. Severino caiu porque um concessionário de restaurantes revelou que o subornara.
A queda de Severino acabou atribuída ao discurso moralizador de Gabeira. Por isso o episódio é explorado no horário de propaganda eleitoral do candidato.
Gabeira perdeu para Renan Calheiros, presidente do Senado. Renan foi acusado de ter usado dinheiro de um lobista de empreiteira para pagar despesas da ex-amante.
Aos safanões, Gabeira rompeu a barreira de agentes de segurança que impedia o acesso de deputados ao plenário do Senado. Cobrou dos senadores o voto aberto na sessão de julgamento de Renan. O voto foi fechado. Renan escapou à cassação. Mas Gabeira ganhou novamente porque estava, digamos assim, do lado do bem.
Antes de perder para depois ganhar de Severino e Renan, Gabeira perdera e ganhara do PT, partido pelo qual fora eleito em 2002.
Mal começou o governo Lula, ele se desentendeu com o partido, tomou um chá de cadeira de três horas do ministro José Dirceu, da Casa Civil, pediu as contas e voltou para o Partido Verde, que ajudara a fundar.
Saltou fora do PT pouco antes de o PT afundar no escândalo do mensalão e nos sucessivos escândalos que abalaram o primeiro governo Lula.
No imaginário popular, políticos tradicionais são aqueles que ganham eleições – para no momento seguinte começar a perder respeito e credibilidade.
Por antigo no epicentro da política fisiológica do país – a Câmara dos Deputados -, Gabeira poderia ser um político desse tipo. É justamente o contrário. Com uma vantagem: nem se parece com um político. E age como se não fosse.
Sua campanha para prefeito é o mais notável e eficiente exemplo de anti-campanha de um político anti-político.
Falta dinheiro para gastar com cartazes, folhetos e cabos eleitorais? Em cena, a campanha que não suja a cidade. Que outra vantagem tirar de uma campanha pobre? A transparência. Metam-se então gastos e nomes de doadores na internet.
O público está farto da troca de ataques entre candidatos? Sem ataques. Completado o tripé que sustenta o discurso de campanha: limpeza, transparência e delicadeza. Acrescentem: promessas zero, conceitos no lugar de propostas concretas e ótima música. Eis a receita Gabeira.
Para ser coerente com sua trajetória, Gabeira deveria perder a eleição do próximo domingo porque a essa altura já a ganhou. Quem imaginaria há dois meses que ele chegasse até aqui?
A disputa entre os candidatos era pelo segundo lugar no primeiro turno da eleição. Todos rezavam pela sorte de Marcelo Crivella. Todos queriam enfrentá-lo. Havia um dogma: o prefeito do Rio seria o privilegiado adversário de Crivella no segundo turno.
Caso derrote Eduardo Paes, o futuro desafio de Gabeira será ganhar depois de ter ganhado.
Severino está de volta como prefeito de João Alfredo, em Pernambuco. Renan Calheiros Filho se reelegeu prefeito de Murici, em Alagoas. O recado das urnas é claro: não basta
Gabeira ganhou!
Saca só: Gabeira, candidato a prefeito, está com pinta de que se elegerá. Com quase 70 anos de idade, é o queridinho dos jovens. É também dos militares que o prenderam depois que ele ajudou a seqüestrar em 1969 o embaixador americano. O Gabeira que defende o respeito à lei atrai o voto dos donos de 16 mil vans irregulares. Coisas do Rio!
A trajetória política de Gabeira é marcada por um extraordinário paradoxo: ele ganha quando perde. Para ser mais preciso: só ganha quando perde.
Perdeu para a ditadura, apesar de tê-la golpeado algumas vezes. Exilou-se. Mas ao cabo venceu porque a ditadura desmoronou e ele pode voltar ao país com fama de herói. Soube aproveitá-la para dar início a uma carreira política convencional. Coleciona quatro mandatos de deputado.
Gabeira perdeu para Severino Cavalcanti, na época presidente da Câmara dos Deputados. Não foi a ameaça feita por Gabeira de derrubá-lo que forçou Severino a renunciar ao cargo e depois ao mandato. Severino caiu porque um concessionário de restaurantes revelou que o subornara.
A queda de Severino acabou atribuída ao discurso moralizador de Gabeira. Por isso o episódio é explorado no horário de propaganda eleitoral do candidato.
Gabeira perdeu para Renan Calheiros, presidente do Senado. Renan foi acusado de ter usado dinheiro de um lobista de empreiteira para pagar despesas da ex-amante.
Aos safanões, Gabeira rompeu a barreira de agentes de segurança que impedia o acesso de deputados ao plenário do Senado. Cobrou dos senadores o voto aberto na sessão de julgamento de Renan. O voto foi fechado. Renan escapou à cassação. Mas Gabeira ganhou novamente porque estava, digamos assim, do lado do bem.
Antes de perder para depois ganhar de Severino e Renan, Gabeira perdera e ganhara do PT, partido pelo qual fora eleito em 2002.
Mal começou o governo Lula, ele se desentendeu com o partido, tomou um chá de cadeira de três horas do ministro José Dirceu, da Casa Civil, pediu as contas e voltou para o Partido Verde, que ajudara a fundar.
Saltou fora do PT pouco antes de o PT afundar no escândalo do mensalão e nos sucessivos escândalos que abalaram o primeiro governo Lula.
No imaginário popular, políticos tradicionais são aqueles que ganham eleições – para no momento seguinte começar a perder respeito e credibilidade.
Por antigo no epicentro da política fisiológica do país – a Câmara dos Deputados -, Gabeira poderia ser um político desse tipo. É justamente o contrário. Com uma vantagem: nem se parece com um político. E age como se não fosse.
Sua campanha para prefeito é o mais notável e eficiente exemplo de anti-campanha de um político anti-político.
Falta dinheiro para gastar com cartazes, folhetos e cabos eleitorais? Em cena, a campanha que não suja a cidade. Que outra vantagem tirar de uma campanha pobre? A transparência. Metam-se então gastos e nomes de doadores na internet.
O público está farto da troca de ataques entre candidatos? Sem ataques. Completado o tripé que sustenta o discurso de campanha: limpeza, transparência e delicadeza. Acrescentem: promessas zero, conceitos no lugar de propostas concretas e ótima música. Eis a receita Gabeira.
Para ser coerente com sua trajetória, Gabeira deveria perder a eleição do próximo domingo porque a essa altura já a ganhou. Quem imaginaria há dois meses que ele chegasse até aqui?
A disputa entre os candidatos era pelo segundo lugar no primeiro turno da eleição. Todos rezavam pela sorte de Marcelo Crivella. Todos queriam enfrentá-lo. Havia um dogma: o prefeito do Rio seria o privilegiado adversário de Crivella no segundo turno.
Caso derrote Eduardo Paes, o futuro desafio de Gabeira será ganhar depois de ter ganhado.
Severino está de volta como prefeito de João Alfredo, em Pernambuco. Renan Calheiros Filho se reelegeu prefeito de Murici, em Alagoas. O recado das urnas é claro: não basta
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